http://next.liberation.fr/musique/2015/10/23/a-lisbonne-le-rythme-est-dans-l-afro_1408412
Ainda me lembro, no início dos anos 90, da minha surpresa no dia em que um « amigo branco » no Bairro da Serafina me perguntou se tinha música de pessoal negro para lhe emprestar. Perguntei-lhe se ele estava a falar de música estilo Michael Jackson ou Prince e ele respondeu « não música do teu pai, música africana, funaná, kuduro… », anos mais tarde estes estilos de música « democratizaram-se » em Portugal.
A presença cultural africana em Portugal deu um salto estimável e ao contrário do que afirma o subtítulo do artigo, só conheço « misturas » entre negros e brancos.
No entanto…
…há um trabalho colossal a ser feito para o reconhecimento da influência africana na cultura e identidade portuguesa ;
…há um trabalho colossal a ser feito para a representatividade dos Portugueses de origem africana nos media e na política (ex. quantos deputados de origem africana têm assento no parlamento ?) ;
… há um trabalho colossal a ser feito contra o racismo estrutural e institucional e ainda contra o racismo ordinário, que ainda tanto me choca quando o oiço nas ruas e cafés, em Portugal.
Quase tudo resta a fazer, não somente no que diz respeito aos direitos, à integração ou à representatividade dos Portugueses de origem africana, mas a todos aqueles que saem do imaginário coletivo do que é ou deve ser um perfeito cidadão em Portugal em termos de cor, origem, nacionalidade, orientação sexual, género ou condição física/mental.
Os « donos do terreno » (perdão aos Buraka) ainda são aqueles que viram a cara para não ver que vivem num país mestiço e diverso, cabe-nos a nós fazer barulho (ou música !) para lhes engrandecer o campo de visão!